Reajuste na tarifa de ônibus esquenta o clima na Câmara da Capital
Ano passado, a polêmica renovação da isenção do ISSQN para o consórcio Guaicurus, que controla o transporte coletivo de Campo Grande, gerou debates acalorados na Câmara da Capital. Na época, o Consórcio e a Prefeitura alegavam que para não haver aumento na tarifa e melhorias no sistema em 2018, era imprescindível que houvesse a renovação da isenção.
Acontece que nesta semana houve reajuste de R$ 3,70 para R$ 3,95 na tarifa de ônibus, o que causou indignação em alguns vereadores que votaram (em 2017) pela continuidade do benefício ao Consórcio em 2018.
Dentre eles, o mais indignado foi o vereador Policial Federal André Salineiro, que lembrou a isenção de imposto municipal que o Consórcio Guaicurus recebeu durante 2018 e reclamou, mais uma vez, da situação do transporte em Campo Grande. “O problema é que houve a isenção do ISS, mas não houve melhorias no transporte ou nas condições dos ônibus e terminais, onde há até banheiros sem porta. O que foi prometido não foi cumprido e agora esse reajuste, que pode até ser legal por ser previsto em contrato, mas não é justo”, reclamou o vereador, ao levantar o debate na sessão desta terça-feira (4), na Câmara Municipal.
Salineiro disse ter se sentido enganado por ter votado a favor da isenção, no ano passado. “A maioria votou a favor da isenção, porque foi alegado que teria reajuste se não tivesse essa isenção e a população iria pagar o preço. Por que quando o Governo baixou o preço do óleo diesel, a tarifa não baixou? Mas é bom que isso tenha acontecido agora em dezembro, porque encerra essa isenção”, disse.
Em sua rede social e em entrevistas, Salineiro vem declarando que se arrependeu do voto, e caso a Concessionária volte a pedir a isenção do imposto, ele será contra. O vereador explicou ainda que o ISS faz parte da base de cálculo da tarifa, por isso não deveria haver reajuste. “Espero que não venha para a Câmara novo pedido de isenção para o próximo ano”, completou Salineiro.
No calor das discussões, o vereador Chiquinho Teles, o fiel escudeiro e líder do Prefeito Marcos Trad na Câmara, não gostou das críticas, pediu uma parte no discurso de Salineiro, e entrou mudando o foco da questão, e questionou a prisão do diretor do Hospital Regional, pois Salineiro é do partido do Governador.
Em resposta, Salineiro estranhou a mudança do tema. “Não entendi vossa fala, estava falando sobre transporte público. Aliás entendo porque vossa excelência é líder do prefeito, uma posição que jamais eu seria, porque nunca vi o senhor ter posição contrária a algum ato do prefeito. E isso eu nunca admitiria como homem, pois acho que tem que ter posição. Penso que com pessoa que tem lado, não compensa conversar”.
Inconformado, Chiquinho tomou parte e declarou: “Tenho muito orgulho de ser líder. Vim para ajudar. Na semana passada vimos que algumas pessoas não gostam de luzes de Natal.” Referindo-se à crítica que Salineiro fez sobre a falta de ambulâncias e macas na saúde municipal, enquanto o prefeito empenhava milhões de reais para a decoração de Natal da cidade.