Diplomacia em tempos de incêndios na Amazônia
O assunto mais comentado nos últimos dias é a discussão indireta entre os presidentes da França, Emmanuel Macron e do Brasil, Jair Bolsonaro. Um verdadeiro festival de arrogâncias e deselegâncias trocadas através de declarações à imprensa e postagens nas redes sociais.
Desde críticas a beleza da primeira-dama francesa Brigitte Macron feita por Bolsonaro no Twitter, até a recusa de cerca de 20 milhões de euros oferecidos para a ações emergenciais de preservação da Amazônia pelo G7 (grupo dos países mais industrializados do mundo, composto por: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido)
Bolsonaro chegou a declarar que só aceitaria a doação caso o presidente francês fizesse publicamente um pedido de desculpas por chamá-lo de mentiroso e retirar as declarações sobre a possibilidade de internacionalização da Amazônia, fato que coloca em xeque a soberania nacional.
Esta crise diplomática envolvendo os dois presidentes gera reflexos graves nas negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, que está em vias de ser assinado após décadas emperrado.
Mas o fato é que a França, apesar de ter relações comerciais com o Brasil, nunca foi um grande facilitador de negócios, muito pelo contrário, sempre impôs muitas regras e condições aos acordos, e como um membro forte e ultranacionalista do bloco europeu, causa muito desconforto às relações atuais e futuras com o bloco.
Bolsonaro não está errado em endurecer o discurso com o bloco. Há muito interesse econômico internacional obscuro na Amazônia, mas errou muito em descer o nível da discussão e fazer chacota com a vida pessoal do presidente francês.