Vereador da Capital dá aula de machismo em discurso na Câmara Municipal
O Vereador Wellington de Oliveira (PSDB) protagonizou momento de extrema deselegância e machismo durante discussão na Câmara Municipal de Campo Grande sobre flexibilização de regras de isolamento devido à pandemia de coronavírus.
O vereador afirmou ao defender que todos os serviços são essenciais, como os prestados por salões de beleza, portanto, deveriam estar abertos.
“Salão é importante. Imagina, a mulher sem fazer sobrancelha, cabelo, unha, não tem marido nesse mundo que vai aguentar, tem que tratar da autoestima”.
Como se não bastasse, continuou o festival de deselegâncias com pitadas de machismo e banalização da violência contra a família:
“Porque se a pessoa quisesse matar a mulher e os filhos, ele vai e bate na igreja, está fechada. Daí ele fala ‘é um aviso de Deus para eu voltar lá e matar”. Então igreja é essencial, tem que criar mecanismos novos para que a igreja funcione”.
As declarações causaram forte repúdio da sociedade e entidades de proteção a mulher.
A Secretária de Políticas Públicas para Mulheres do Governo do Estado, Luciana Azambuja enviou nota de repúdio a fala do vereador.
“Caro amigo, vereador delegado Wellington: Fazer o enfrentamento à violência contra mulheres não é só atuar na prevenção e combate à violência doméstica, mas também evitar a repetição de estereótipos de gênero que limitem as mulheres a “belas e recatadas”, sempre prontas a servir a cuidar – da casa, do marido, dos filhos, dos pais.
A reprodução dos machismos que colocam homens e mulheres em papéis tradicionais reafirma a desigualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres e faz aumentar a violência, estejam as Igrejas abertas ou fechadas, estejam as mulheres com unhas feitas ou cabelos arrumados.
Hoje, sabemos que mulheres podem ser pilotas de avião e homens podem dividir os afazeres com os filhos. Lugar de mulher é onde ela quiser. E em tempos de distanciamento social, nós, mulheres – assim como os homens – estamos preocupadas com a prevenção ao contágio, com a saúde mental no isolamento e com a economia mundial pós COVID-19.
Em ano eleitoral, estamos preocupadas que tenhamos mais mulheres na política, para discutirmos mais frequentemente feminismos e políticas para mulheres.”